A partir de hoje, dia 23 de Julho de 2017, começa a campanha eleitoral para eleição do presidente da República de Angola e de uma nova maioria parlamentar, no dia 23 de Agosto do corrente ano.
A partir de hoje, dia 23 de Julho de 2017, começa a campanha eleitoral para eleição do presidente da República de Angola e de uma nova maioria parlamentar, no dia 23 de Agosto do corrente ano. Enquanto cidadão, espero que as questões estruturantes sobre o futuro da nossa mãe pátria estejam no centro dos debates e das propostas por parte de todos aqueles que ambicionam presidir o destino de todos os angolanos.
Nas monarquias, a legitimidade do poder resulta de uma lógica dinástica; em outras latitudes, essa mesma legitimidade advém da forma como se constituiu a comunidade política. O Surgimento da República e posteriormente do sufrágio universal directo revolucionou a forma de incarnar e de exercer o poder. Do poder divino e vitalício passou-se para o poder de representação e de mandatos. Em outras palavras, quem ambiciona ser eleito presidente da República deve ter noção que pretende incarnar, representar e exercer o poder em nome e em defesa dos interesses de todos os angolanos. Nos próximos trinta dias, enquanto cidadão, espero que cada um dos candidatos me convença; quero que me diga porquê quer ser presidente e para fazer o quê? Qual é a sua visão sobre Angola, qual é a sua leitura sobre a história do nosso povo, quais são as suas ambições para a sociedade angolana. Para tal, como tenho sido cobrado pelos meus amigos e alunos, proponho cinco pontos de reflexão:
1. Durante longas décadas, considerou-se que a agricultura era a base do desenvolvimento. Na realidade, estamos diante de um erro de paralaxe, pois a base de desenvolvimento de qualquer sociedade é o conhecimento. Consequentemente, o ensino é e será sempre a mãe de todas as batalhas. Todavia, deve-se fixar metas em termos de perspectivas orçamentais em relação ao PIB, isso a curto, médio e longo prazos, pois, muitas questões continuam sem respostas: como eliminar crianças angolanas fora do sistema escolar? Ou ainda, como transformar a escola republicana num espaço de promoção da cidadania e de elevação social?
2.Que modelo económico para Angola? Que Estado estratega para aumentar a competitividade das empresas nacionais, particularmente nos sectores vitais? Quais são as diferentes estratégias para garantir um crescimento médio acima de 10% ano, para criar empregos e para combater o kunanguismo?
3.Quais são as prioridades em termos de políticas fiscais? Liberalizar o trabalho ou privilegiar o poder de compras dos funcionários?Que estratégias para garantir estabilidade de preços no contexto de uma enorme desvalorização monetária? Como estimular os investimentos privados e lutar contra a pobreza?
4.Qual é o papel do Estado na promoção da cultura, dos artistas, do conhecimento, da inovação e da investigação científica?
5.Finalmente, como consolidar a construção do Estado e das suas instituições? Como combater a impunidade? Como defender a posição e os interesses de Angola e dos angolanos fora das nossas fronteiras?
Na realidade e acima do tudo, quero que o interessado no meu voto me diga que me representa, que me quer, que me defende, que me protege e que me ama.
Viva Angola!
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