As eleições de 23 de Agosto do corrente ano foram um marco histórico, porque foi pela primeira vez, na história de Angola independente, que se fez uma transição de dois presidentes vivos, e também foi pela primeira vez que Angola teve rosto novo “do MPLA” para a corrida às Eleições Gerais depois do seu ex-Presidente da República e actual Presidente do partido dos Camaradas ter permanecido na presidência da República durante 38 anos. O não menos importante foi também o novo rosto que o PRS apresentou, mas os outros partidos, sobretudo os “históricos” FNLA e a UNITA, foram às eleições com os candidatos habituais Isaías Samakuva e Lucas Ngonda; a coligação eleitoral CASA-CE, apresentou-se também com o já conhecido Abel Chivukuvuku.
Eleito a 23 de Agosto, João Loureço é o novo presidente de Angola, corrigir o que está mal e melhorar o que está bem mereceu-lhe votos de confiança por parte dos eleitores. Momentos depois da sua eleição como Presidente de Angola, João Loureço proferiu dois discursos: o primeiro tinha a ver com a sua investidura como sucessor do José Eduardo dos Santos, e o segundo, “este de que mais se fala”, tinha a ver com a Mensagem sobre o Estado da Nação, proferido aos 16 de Outubro de 2017.
O curioso é que fala-se mais deste último, porque delineava os projectos para a sua governação para os períodos compreendidos entre 2017/2022. A sociedade civil angolana e os partidos políticos da oposição deram crédito a este último, porque o mesmo cingiu-se nas reformas sejam elas econômicas, judiciais, do combate a corrupção e do Estado.
De facto os partidos da oposição aplaudiram e mostraram-se disponíveis em corroborar com a agenda de governação. Este facto teceu certos argumentos que desdenham/ram, de um certo modo, a oposição angolana. Ora, como se sabe, o OGE (Orçamento Geral do Estado), ainda não foi à aprovação, logo, não se pode pedir muito da oposição.
Como se pode pedir que a oposição dê a sua voz se ainda não há objecto para se ter voz?
Esta se pronunciará quando as propostas apresentadas não forem cumpridas, porque por agora, nota-se que o Presidente João Loureço está constituindo o seu Staff “exonerações/nomeações”, que lhe poderá auxiliar na realização dos projectos prometidos, porque é uma prorrogativa que lhe é constitucionalmente garantida. A oposição não é aqui chamada para dar voz, por isso, são inválidos os argumentos proferidos por certos analistas políticos angolanos de de que a oposição ficou sem agenda.
Pois que o slogan que o MPLA e o seu candidato às eleições de, 23 de Agosto de 2017, apresentou foi: corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, logo, caso não se faça a correção do que está mal e não se melhor o que está bem, a oposição e a sociedade civil esta que está também ansiosa e interessada em participar activamente para uma Angola próspera, terão voz, e poderão desacreditar a promessas eleitorais.
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