Um olhar histórico à política italiana em África

Em relações internacionais, o passado constitue uma peça importante na construção de privilegiados relacionamentos a todos os níveis entre os Estados. Como o passado influencia nas relações entre África e a Itália,sobretudo durante o governo Renzi?


As relações entre a Itália e o continetente africano remontam ao longínquo passado.

Recuando no tempo, durante o século XIX, quando a África vinha repartida, a Itália não se meteu à parte, tudo porque queria também uma fatia do continente. A batalha de Adwa (Etiópia) realizada em 11 de Março de 1896, foi para si um fracasso, porque deu a victória ao país africano sobre o país europeu. Já no seculo XX, a invasão da Etiópia em 1935-1936 por parte de militares italianos do regime Fascista de Mussolini, foi sancionada pela Sociedade das Nações (SDN). Hoje a Etiópia é a capital da União Africana.

Itália foi o primeiro país da Europa Ocidental a reconhcer formalmente Angola como Estado independente, em 1976; facilitou também os acordos de Roma mediados pela Comunidade de Sant’Egidio, que puseram fim à guerra civil em Moçambique, em 1992.

Este pequeno percurso histório dá-nos a entender que a Itália já tinha interesses geopolíticos no continte berço desde antes mesmo das duas guerras mundiais.

Actualmente, as relações comerciais e económicas entre a Itália e os países africanos, e de uma forma particular, os da África Subsahariana, começaram a intensificar-se a partir dos anos noventa e 2000, período em que começou-se a notar um crescimento económico nesta região, que foi o factor primordial que fez com que houvesse também o maior interesse de alguns actores externos, tais como os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Índia, o Brasil, a Turquia e a China, esta que por exemplo só em 2008 tornou-se no primeiro parceiro de alguns países africanos.

Com a crise económica e financeira que o mundo observou em 2008, e que afectou sobretudo os países do sul da Europa, nomeadamente Portugal, Grecia e Itália, no mesmo momento em que a África começou a registrar o seu boom económico, a Itália sentiu a necessidade de reforçar as parcerias com o continente no que tange aos bens de consumo, recursos minerais, agricultura, infra-estruturas, telecomunicações, banca e turismo. O factor primordial dessa proximação com os países da África foi, sem sombras de dúvidas, a proximidade geográfica com região Subsahariana, sendo o segundo ligado a factor histórico, o terceiro, ao aprofundamento do processo de desenvolvimento, e finalmente, o quarto e último, é o que concerne ao controlo do fluxo migratório.

Em suma, três foram os grandes periódos históricos das relações multilaterais entre a Itália e a África em três anos seguidos:

1. O primeiro foi o da visita do Primeiro Ministro Italiano, Matteo Renzi, em Julho de 2014 em 3 países da região Subsahariana nomeadamente: Moçambique, Congo Brazzaville e Angola, uma viagem histórica no que concerne a política externa em África, já que foi a primeira visita dum chefe do Governo Italiano nalguns desses lugares, classificando-se como um elemento novo e particular para o reforço das relações entre Roma e o continente, durante a qual foi também acordada a realização de uma conferência Itália-África, com o objectivo estratégico e importante de reforçar as relações económicas, o da internacionalização da economia italiana (conferência esta que foi realizada em Maio de 2016), bem como foi pedido o apoio da África para a candidatura italiana a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (2017-2018) e a plena promoção e participação africana na Expo-2015,em Milão;

2. O segundo foi o da realização do maior evento de negócios (Expo Milão 2015), que teve como tema “Nutrir o Planeta, energia para a vida”. A África mostrou as suas potencialidades no evento nas suas múltiplas exposições, enquanto a Itália mostrou-se disponível em ser partner do continente no seu processo de desenvolvimento sustenível;

3. O terceiro e o último, foi, naturalmente, a realização da conferência Itália-África, projectada em 2014 aquando da visita do chefe do governo Matteo Renzi, do PD (Partido Democrático) em África. Nesto encontro várias temáticas foram descutidas, mas o foco principal foi sempre o mesmo: reforçar as relações multilaterais, segurança e crise migratória. O governo italiano terá chegado a conclusão de que apostar e investir nos países africanos constitue uma das prioridades da sua política externa.

Angola, Etiópia, Ghana, Kenya, Moçambique, Nigéria, Senegal e África do Sul são os oito países em que a Itália tem como prioridade o fortalecimento da diversficação economia, enquanto 13 são as representações diplomáticas italianas na região Subsahariana da África.

África Subsahariana é uma vasta região que precisa da Itália e vice-versa. Nota-se, de facto, uma fraca relação com outros Estados da região. Estamos em crer que durante a conferência de Maio tenha sido acordado a ampliação da relações aos demais Estados, porque somente 8 países como prioridade e 13 missões diplomáticas nesta região seria pouco, mas um passo certo e necessário para África, que tem tantos recursos, mas falta-lhe a capacidade tecnológica que a Itália possui. O reforço das relações é prioritário para que a Itália possa contribuir na diversificação da economia e no desevolvimento África.

Dott. Adão Agostinho

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